A falência moral da sociedade brasileira

O Brasil atravessa uma das fases mais sombrias de sua história recente. A crise que enfrentamos não se resume à economia cambaleante, à violência urbana descontrolada ou ao caos institucional. Vai muito além desses ‘sintomas’.

Estamos diante de algo ainda mais grave: a falência moral da sociedade brasileira.


Uma decadência silenciosa, alimentada pela normalização do crime, pela conivência com a corrupção, pela eleição de políticos medíocres e desonestos, pela submissão de uma imprensa militante e pela passividade de um povo que aprendeu a aceitar o mal como se fosse inevitável.


O ponto mais perturbador é que essa degradação não é imposta de fora. Ela gestou e nasceu de dentro, do próprio povo e de suas escolhas. A cada eleição que reconduz corruptos ao poder, a cada benefício fraudado, a cada silêncio cúmplice diante de injustiças, reforça-se o pacto sombrio que condena o Brasil à estagnação moral.

A normalização do crime

Um país morre moralmente quando o crime deixa de escandalizar e passa a ser apenas mais um detalhe da vida cotidiana. O brasileiro acostumou-se a conviver com a corrupção como quem convive com o calor do verão: algo incômodo, mas inevitável. Essa aceitação corroeu não apenas a política, mas a mentalidade do povo.

O “jeitinho brasileiro” ou a chamada “Lei de Gérson“, antes vendido como traço de criatividade ou uma piada, tornou-se sinônimo diário de uma  esperteza criminosa.

Percebemos isso no cotidiano: o cidadão que frauda documentos, que sonega impostos, que fura fila, que acha uma carteira e não devolve e que se gaba de levar vantagem, é o mesmo que depois finge indignação diante do escândalo dos políticos.

Entenda: o povo elege seus espelhos. Reflete a mesma “imagem” de seu caráter.

Políticos corruptos só sobrevivem porque representam uma cultura coletiva de desonestidade.

A imprensa como cúmplice

Se há um poder que poderia ajudar a regenerar a consciência nacional, seria a imprensa. Seria…

Porém, no Brasil, a imprensa tradicional tornou-se militante e sócia do sistema.

Infelizmente, no Brasil, a imprensa foi substituída do papel de fiscal pelo de cúmplice.

Manchetes são fabricadas para proteger aliados e destruir opositores.


Esse cenário não se resume em escândalos gravíssimos envolvendo o atual governo são tratados com silêncio constrangedor, enquanto qualquer detalhe que possa atingir adversários políticos ganha proporções de tragédia nacional. Vai muito além disso…


A imprensa brasileira, na maioria, abdicou da missão de servir à verdade para se tornar instrumento de manipulação. Lógico, que muito bem paga por isso. E vou te dizer: isso não é jornalismo, é militância travestida de jornalismo. E quando jornalistas se transformam em militantes, deixam de ser defensores da liberdade e passam a ser guardiões do sistema corrupto.

O retorno do condenado

A volta de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência, após condenações confirmadas em três instâncias, simboliza a vitória do cinismo sobre a moralidade e do crime organizado. Não houve absolvição por inocência, mas anulação por tecnicalidades jurídicas. Precisarei desenhar?

A mensagem transmitida à sociedade foi clara: no Brasil, o crime compensa. Basta ter aliados no Judiciário e no sistema político para voltar ao poder como se nada tivesse acontecido.

Essa foi a maior derrota moral da nossa República. O país, que deveria se orgulhar da Operação Lava Jato e da tentativa de moralizar a política, assistiu passivamente ao desmonte da luta contra a corrupção.

Juízes (Bretas), procuradores (Deltan) e policiais (Daniel Silveira) que ousaram enfrentar o sistema foram perseguidos, humilhados e silenciados. E a imprensa, que deveria denunciar esse retrocesso, preferiu festejar, como se a volta de um político condenado fosse um triunfo da democracia. Até a turma da Faria Lima apoiou e comemorou.

O ativismo destrutivo do Judiciário

Mas não é apenas o Executivo que escancara a falência moral. O Judiciário, sobretudo o Supremo Tribunal Federal, tem ultrapassado todos os limites. Alexandre de Moraes tornou-se a figura mais emblemática desse ativismo. Sua atuação extrapola a função de juiz e invade o território da política, do Legislativo e até das relações internacionais.


A decisão de desafiar os Estados Unidos em questões relacionadas à aplicação da chamada Lei Magnitsky é um exemplo de imprudência que pode custar muito caro ao Brasil. Trata-se de uma lei que não foi criada em Brasília, mas em Washington, e que serve de instrumento de política externa norte-americana. Enfrentar os Estados Unidos nesse campo é brincar com fogo. É colocar em risco o comércio exterior, os investimentos internacionais e a credibilidade do país no cenário global.


Alexandre de Moraes parece não compreender que o Brasil, com sua economia frágil, dependente de capitais estrangeiros e de exportações, não tem condições de peitar a maior potência econômica e militar do mundo. Sua arrogância jurídica e prepotência narcisista, ameaça mergulhar o país em isolamento e insegurança. E o pior? Ninguém faz nada.

O problema maior é que não se trata apenas de uma questão individual: suas decisões se tornam políticas de Estado, e a conta recai sobre a sociedade inteira. Ouvi um boato, apenas boato até agora que, figurões da Faria Lima estão irritados com o ministro e com medo dos Estados Unidos, e estão ‘pedindo’ aos seus políticos de estimação para caçarem o Moraes, via Senado Federal. Deve ser apenas boato…

A cegueira da Faria Lima

Diante desse cenário, causa espanto a passividade dos banqueiros e empresários da Faria Lima, elite financeira do país. Enquanto Moraes desafia os Estados Unidos, eles permanecem calados, como se o risco fosse apenas teórico. Mas não é. A dependência do Brasil de capitais internacionais é evidente.

Uma ruptura com os Estados Unidos, mesmo que parcial, pode resultar em fuga de investimentos, aumento do risco-país, encarecimento do crédito e, em última instância, quebra de setores inteiros da economia.

A Faria Lima parece viver em uma bolha, preocupada apenas com balanços trimestrais, enquanto ignora que a instabilidade institucional pode desmoronar seus próprios negócios. É uma cegueira que beira a imprudência.

Será que é preciso um banco quebrar, para os demais acordarem e saírem dessa ‘catatonia’ coletiva? Perdão pelo neologismo…

Banqueiros que deveriam ser a voz da prudência preferem o silêncio confortável, temendo retaliações políticas ou esperando que o problema se resolva sozinho. Mas a história mostra que quando elites financeiras se omitem diante de abusos de poder, o custo final é muito mais alto.

A responsabilidade do cidadão

O retrato completo da falência moral do Brasil envolve governo, Judiciário, imprensa, empresários e, sobretudo, o cidadão comum. Toda a sociedade.


Não adianta apontar apenas para cima. Cada fraude cotidiana, cada voto comprado por promessas vazias, cada silêncio diante da injustiça, reforça o sistema corrupto.


A regeneração moral do país não começará em Brasília, mas no coração de cada brasileiro que decidir viver com dignidade.

Ser honesto quando ninguém vê. Recusar a vantagem ilícita, ainda que pareça pequena. Denunciar o político corrupto, mesmo que ele ofereça benefícios. Cobrar da imprensa imparcialidade. Exigir do Judiciário limites. Tudo isso parece pouco diante da magnitude da corrupção, mas é assim que se inicia uma mudança.

O papel da direita

A direita, tão criminalizada, cumpre hoje o papel ingrato, mas necessário, de ser a voz da resistência moral.

É a direita que insiste em denunciar o ativismo destrutivo, a corrupção institucionalizada, a manipulação da imprensa e a omissão das elites financeiras. É a direita que defende valores simples, mas revolucionários em uma sociedade corrompida: família, fé, trabalho, responsabilidade e amor à pátria. E por causa desses valores nos chamam de fascistas, que eles nem sabe o que é, ou de extremistas. Defendemos valores.

O Brasil só terá futuro se recuperar sua consciência moral.

Sem isso, seremos condenados a viver sob governos corruptos, aplaudidos por uma imprensa cúmplice, sustentados por uma elite financeira cega e julgados por magistrados que se julgam deuses.

A alternativa é a revolução silenciosa da consciência, onde cada brasileiro, em sua vida pessoal, recusa a mentira e escolhe a verdade.

Léo Vilhena


 

Autor

  • Sobre o autor

    Léo Vilhena é fundador da Rede GNI e atua há mais de 25 anos como jornalista e repórter, com passagens por veículos como Jornal Unidade Cristã, Revista Magazine, Rede CBC, Rede Brasil e Rede CBN/MS. Recebeu o Prêmio de Jornalista Independente, em 2017, pela reportagem “Samu – Uma Família de Socorristas”, concedido pela União Brasileira de Profissionais de Imprensa. Também foi homenageado com Moções de Aplausos pelas Câmaras Municipais de Porto Murtinho, Curitiba e Campo Grande.

    Foi o primeiro fotojornalista a registrar, na madrugada de 5 de novembro de 2008, a descoberta do corpo da menina Raquel Genofre, encontrado na Rodoferroviária de Curitiba — um caso que marcou a crônica policial brasileira.

    Em 2018, cobriu o Congresso Nacional.

    Pai de sete filhos e avô de três netas, aos 54 anos continua atuando como Editor-Chefe da Rede GNI e colunista do Direto ao Ponto, onde assina artigos de opinião com olhar crítico, humano e comprometido com a verdade.


    "Os comentários constituem reflexões analíticas, sem objetivo de questionar as instituições democráticas. Fundamentam-se no direito à liberdade de expressão, assegurado pela Constituição Federal. A liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal brasileira, em seu artigo 5º, inciso IV, que afirma que "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato"


    NOTA | Para ficar bem claro: utilizo a Inteligência Artificial em todos os meus textos apenas para corrigir eventuais erros de gramática, ortografia e pontuação.

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